Carta do Gestor

Mercados em tensão, bolsa brasileira em ascensão

Equipe Empiricus Asset

5 dez 2025, 10:45 (Atualizado em 5 dez 2025, 10:45)

O mês de novembro

Novembro foi um mês de intensa movimentação nos mercados e na política, tanto no Brasil quanto no cenário internacional. Enquanto o ambiente global foi marcado pela alta volatilidade causada pelo temor de uma possível bolha de IA e pelo shutdown americano, aqui no Brasil o Ibovespa alcançou sucessivos recordes históricos, mesmo sem a entrega de grandes fundamentos positivos — evidenciando o bom momentum do país.

Enquanto o S&P e o índice de mercados emergentes variaram 0,13% e -1,8% no mês, respectivamente, o Ibovespa emplacou +6,5%, alcançando sua melhor performance consecutiva em 30 anos e acumulando mais de 30% de ganho no ano.

Tal movimento tem sido muito bem capturado por nossos fundos de ações: Empiricus Microcap Alert, Empiricus Oportunidades de Uma Vida e Empiricus Deep Value Brasil subiram 11,8%, 7,9% e 6,4% no mês e acumulam 64,7%, 40,9% e 30% no ano, respectivamente.

Fonte: Mais Retorno

Nervosismo no ambiente global  

O término da paralisação recorde de 43 dias do governo dos EUA trouxe alívio, mas expôs um problema mais profundo: a perda de dados econômicos essenciais (como a taxa de desemprego de outubro), deixando o Federal Reserve (Fed) “no escuro”.

O que nos chamou atenção no episódio foi que, embora o shutdown já fosse amplamente esperado pelo mercado, quando se constatou que o atraso prejudicaria a leitura de dados econômicos, o mercado acionário reagiu de forma excessiva. Esse acontecimento, aliado ao temor de uma possível bolha de IA, fez com que o mercado derrubasse a probabilidade de um próximo corte de juros nos EUA para 30%.

Outro ponto de atenção foi o fato de que, mesmo entregando um resultado retumbante no 3T25, a Nvidia não conseguiu aliviar a tensão do mercado. Foi só depois de declarações mais dovish de membros do Fed, como John Williams, Christopher Waller e Mary Daly, que o mercado acalmou, elevando as apostas de um corte de juros já em dezembro para cerca de 80%. Ou seja: as chances oscilaram de 30% para 80% em um curto espaço de tempo, evidenciando o nervosismo dos investidores.

Seguimos otimistas com as principais teses de tech global e acreditamos que o resultado amplamente superior às expectativas já esticadas da Nvidia tenha arrefecido um pouco o debate sobre uma “bolha de IA”. No entanto, novembro deixou evidente como o mercado segue sensível e amparado por eventos macroeconômicos, especialmente pela expectativa de cortes de juros

Brasil ganhando evidência

Sob essa ótica macro, acreditamos que o posicionamento ainda leve dos investidores, a perspectiva de queda de juros a partir de um patamar mais elevado em relação aos pares e o nível de valuation ainda justo começam a trazer o Brasil novamente ao centro das atenções.

Em nossa visão, outros fatores que contribuíram para um influxo de investimentos ao país foram os alívios pontuais nas tarifas impostas pelo governo Trump, incluindo isenções para diversos produtos agropecuários como carne, café e banana, bem como uma guinada da direita em países da América do Sul, como Argentina e, mais recentemente, Chile (com a ala direita chegando forte ao segundo turno), alimentando a possibilidade de que esse movimento também chegue ao Brasil.

Ainda na esfera política, o governo segue se enfraquecendo com novos impasses no Legislativo. Após desentendimentos com a Câmara, foi a vez de o Senado elevar o tom diante da indicação de Jorge Messias ao STF. Como reação, o Senado pautou um projeto de aposentadoria especial para agentes de saúde, uma “pauta-bomba” com impacto potencial de R$ 21 bilhões.

Por fim, dados de inflação mais brandos, como o IPCA-15 de novembro, que desacelerou para 0,20%, permanecendo dentro do teto da meta, e a projeção Focus do IPCA de 2025 recuando para abaixo do teto da meta pela primeira vez (a 4,5%) reforçaram a possibilidade de início do ciclo de cortes de juros já no começo de 2026. Apesar de o Copom ter mantido a taxa Selic em 15% em novembro, a ata pós-reunião trouxe alívio ao afirmar que o órgão já havia incorporado a isenção de IR em suas projeções.

Seguimos otimistas com teses pontuais no mercado global de tecnologia; no entanto, destacamos o bom momentum que está se consolidando para o Brasil. Permanecemos atentos para capturar esse movimento tanto por meio de nossos fundos de ações quanto em nossos fundos multimercados, via aumento marginal da exposição à Bolsa brasileira.

Forte abraço,
Equipe Empiricus Asset