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Panorama Tech | 01 de Setembro de 2025

Na esteira do resultado trimestral da Nvidia, uma notícia chamou a atenção dos mercados: a emergência de uma rival no mercado chinês. Apesar de não haver choques como os ocorridos no lançamento do DeepSeek, a emergência deste rival aponta uma tendência na China que não pode ser ignorada.
Veja os destaques a seguir:
📉Abaixo do Esperado
Apesar de registrar uma receita de US$ 46,7 bilhões — um salto de 56% em relação ao ano anterior — a Nvidia sentiu o impacto das sanções dos EUA contra a China. O crescimento, puxado pelo segmento de Data Center, foi ofuscado pelas limitações impostas ao mercado chinês.
No último trimestre, a empresa confirmou que não vendeu os chips H20, uma versão adaptada para o mercado chinês. Além disso, a previsão de receita de cerca de US$ 54 bilhões para o próximo trimestre não inclui qualquer projeção de vendas desses chips para a China. Essa restrição reflete as crescentes tensões geopolíticas e as dificuldades da Nvidia em manter sua posição em um de seus principais mercados.
🚫Restrições Geopolíticas à Tecnologia Americana
O embate geopolítico entre Estados Unidos e China concretizou-se em uma série de medidas restritivas à exportação de tecnologia, iniciadas durante o governo Biden e mantidas — ainda que de forma distinta — na gestão de Donald Trump. O propósito é claro: limitar o acesso da China a semicondutores e equipamentos de alta performance, cruciais para o avanço em inteligência artificial e computação de alto desempenho. A estratégia americana busca conter e retardar a capacitação tecnológica chinesa, afetando tanto a venda de chips quanto o acesso a maquinários de fabricação.
Apesar das sanções, a China tem respondido com intensos investimentos para reduzir sua dependência tecnológica externa. O país está empenhado em construir um ecossistema próprio de semicondutores, com foco na produção de chips de ponta e no fortalecimento de empresas nacionais capazes de competir com gigantes globais como a Nvidia e a TSMC.
🚀🏭Cambricon e o Fomento à Indústria Local
A política de incentivos do governo chinês tem acelerado a expansão de empresas domésticas. Um exemplo notável é a Cambricon Technologies, que vem se destacando na produção de semicondutores para IA e reportou um expressivo crescimento de receita no último semestre. Esse avanço é alimentado por uma demanda interna em ascensão e por um ambiente regulatório favorável à adoção de soluções locais. Embora a Cambricon não possua o mesmo nível tecnológico e de desempenho da Nvidia, ela consolida-se como uma das principais fornecedoras do mercado interno, beneficiando-se decididamente do apoio estatal. Sua trajetória ascendente é um indicativo de que a estratégia chinesa de formar um ecossistema próprio de chips começa a dar resultados.
🧠💡DeepSeek: uma alavanca para o mercado local
A escassez de chips de última geração, decorrente das sanções, fomenta um ciclo de inovação dentro da China. A DeepSeek, uma das startups de IA mais promissoras do país, exemplifica essa adaptação. A empresa tem concentrado esforços no desenvolvimento de modelos de IA computacionalmente mais eficientes, que demandam menor capacidade de processamento para atingir resultados expressivos. Essa abordagem permite que a DeepSeek e outras companhias do setor avancem em inteligência artificial sem depender exclusivamente de semicondutores de última geração — como os de 2 nm, que o país ainda não produz em escala. A criação de modelos otimizados para hardware local fortalece a cadeia produtiva interna e reduz a vulnerabilidade chinesa a barreiras externas.
✅ Conclusão
As sanções americanas, destinadas a conter o avanço tecnológico chinês, produzem um efeito contraintuitivo: aceleram justamente a autonomia que buscam impedir. Ao restringir o acesso a empresas como a Nvidia, os EUA incentivam a China a investir massivamente em seu ecossistema interno. Prova disso é o crescimento de empresas como a Cambricon e a inovação de startups como a DeepSeek: são exemplos que demonstram que o país não só busca a autossuficiência, mas já avança na criação de soluções próprias em hardware e software de IA. Assim, a hegemonia americana em semicondutores — ainda incontestável — passa a enfrentar um desafio crescente, capaz de reconfigurar o equilíbrio de poder global na indústria de tecnologia.
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