Panorama Tech
Panorama Tech | 27 de Outubro de 2025
Até o momento, a temporada de resultados do terceiro trimestre de 2025 tem superado consistentemente as expectativas dos investidores. Com 87% das empresas do S&P 500 reportando lucros acima das projeções – o melhor desempenho desde 2021 – o mercado se prepara agora para sua semana mais crucial: cinco das sete empresas que compõem as “Magnificent 7” (Microsoft, Alphabet, Meta, Amazon e Apple) divulgarão seus resultados entre 28 de outubro e 1º de novembro.
Esses balanços são especialmente importantes porque esse grupo representa cerca de 24% de todos os lucros do S&P 500, e suas projeções futuras tendem a definir as expectativas do mercado para os próximos trimestres. Vamos aos destaques:
Vertiv (VRT)
A Vertiv se destacou com seus resultados do 3º trimestre de 2025, impulsionada pela demanda explosiva por infraestrutura de data centers para IA. A receita subiu 29% em relação ao ano anterior, alcançando US$ 2,68 bilhões, enquanto o lucro ajustado por ação (EPS) disparou 63%, chegando a US$ 1,24 — ambos superando com folga as expectativas dos analistas. Esse ritmo foi reforçado por um salto expressivo de 60% no volume de pedidos, que elevou a carteira de pedidos pendentes da empresa para um recorde de US$ 9,5 bilhões.
A administração segue confiante a ponto de ter elevado sua previsão para o ano, ainda que tenha sinalizado a necessidade de monitorar eventuais desafios com tarifas alfandegárias e questões regionais na EMEA. O consenso entre os analistas mantém-se bastante positivo em relação à trajetória da Vertiv, sustentada pela IA, ponderando apenas que a execução futura deve estar atenta ao cenário macroeconômico.
GE Vernova (GEV)
O 3º trimestre de 2025 da GE Vernova trouxe um contraste importante. Por um lado, o lucro ajustado por ação ficou em US$ 1,64, abaixo das expectativas, e o segmento de Energia Eólica continuou enfrentando dificuldades. No entanto, o desempenho geral foi sólido: a receita cresceu 12%, atingindo US$ 10,0 bilhões, e o volume de pedidos orgânicos deu um salto impressionante de 55%, chegando a US$ 14,6 bilhões — puxados fortemente pelos segmentos de Energia e Eletrificação. Esse desempenho expandiu a carteira de pedidos para um nível histórico de US$ 135 bilhões.
A administração manteve sua orientação para o ano todo, transmitindo confiança na trajetória de longo prazo. Os analistas, cientes dos desafios nas margens e no segmento eólico, enxergam a carteira de pedidos massiva como um poderoso motor para o crescimento futuro.
United Rentals (URI)
A United Rentals registrou um crescimento sólido de 5,9% na receita do 3º trimestre de 2025, totalizando US$ 4,23 bilhões, um resultado acima do estimado. O desempenho foi liderado pelo aumento de 11% na receita de locação de equipamentos especializados. A empresa atingiu um recorde de receita trimestral com locações e manteve sua orientação positiva para a receita anual, elevando ainda suas metas de investimentos de capital devido à sólida demanda dos clientes.
O lucro por ação de US$ 11,70 ficou cerca de 5% abaixo do esperado, o que gerou alguma cautela nos investidores. Ainda assim, os analistas reiteram a posição de liderança de mercado da URI e veem a demanda do cliente como um sinal de saúde operacional, mesmo em um ambiente de pressões de custos e incertezas macroeconômicas.
Netflix (NFLX)
A Netflix registrou um forte crescimento de receita de 17% no 3º trimestre de 2025, alcançando US$ 11,51 bilhões. No entanto, o lucro por ação de US$ 5,87 ficou abaixo das expectativas, impactado principalmente por uma despesa tributária inesperada no Brasil. Esse resultado, somado a uma margem operacional de 28% (inferior aos 31% projetados), pressionou as ações, que caíram mais de 10% após o anúncio.
Apesar dos desafios trimestrais de lucratividade, a perspectiva de receita da empresa para o 4º trimestre, de US$ 11,96 bilhões, superou as projeções do mercado, sinalizando confiança em sua estratégia. A Netflix espera que seu plano com anúncios e as iniciativas contra o compartilhamento de senhas continuem impulsionando uma expansão de receita de dois dígitos, projetando um lucro por ação de cerca de US$ 5,45 no próximo trimestre.
Intel (INTC)
A Intel retornou à lucratividade no 3º trimestre de 2025, reportando receita de US$ 13,7 bilhões (alta de 3% no ano) e um lucro operacional de US$ 4,1 bilhões. Este resultado positivo foi impulsionado de forma significativa por ganhos únicos com a venda de ativos, como Altera e Mobileye, uma vez que as operações principais ainda mostram fragilidade, com margem bruta de 38,2% e um lucro por ação ajustado de apenas US$ 0,23.
A orientação cautelosa para o 4º trimestre, que projeta receita entre US$ 12,8 e US$ 13,8 bilhões e um possível retorno a um EPS negativo, manteve os analistas prudentes. O futuro imediato da empresa depende de sua capacidade de navegar pela desaceleração da demanda por PCs e pelos pesados investimentos em sua expansão, com o estratégico foco agora voltado para o avanço de seus chips de IA e a captação de financiamento do governo americano.
IBM (IBM)
A IBM se destacou claramente neste trimestre, superando expectativas com uma receita de US$ 16,3 bilhões, um aumento de 9% em relação ao ano anterior. O lucro líquido foi de US$ 1,7 bilhão, uma reversão significativa frente à perda de US$ 330 milhões do ano passado, impulsionado por um salto de 14% na receita de nuvem híbrida e um crescimento de 24% nas vendas de automação. Um robusto fluxo de caixa livre de US$ 2,4 bilhões reforçou sua previsão para o ano todo.
Os resultados positivos, que levaram as ações a uma nova máxima anual, foram elogiados pelos analistas como uma prova do sólido impulso na adoção de IA, particularmente em sua plataforma Watsonx. A administração projeta um desempenho continuamente forte, esperando um crescimento de receita superior a 5% no ano, em moeda constante, conforme seus serviços de IA continuam a se expandir pelos portfólios dos clientes.
Tesla (TSLA)
A Tesla reportou uma receita de US$ 28,1 bilhões no 3º trimestre de 2025, um aumento de 12% no ano, mas ficou abaixo do consenso de analistas em rentabilidade. O lucro por ação ajustado foi de US$ 0,50, abaixo dos US$ 0,56 esperados, enquanto o lucro líquido caiu 37%, para US$ 1,37 bilhão. Isso foi atribuído à significativa compressão das margens causada por cortes de preços e altos gastos com P&D em sua próxima geração de plataforma “Modelo 2”, que reduziram sua margem operacional para 5,8%.
Apesar da pressão sobre as margens, a empresa gerou um recorde de US$ 4,0 bilhões em fluxo de caixa livre, auxiliado por fortes implantações de sistemas de armazenamento de energia, e manteve um massivo colchão de liquidez de US$ 41,6 bilhões. Os analistas seguem atentos à lucratividade, mas destacam a demanda resiliente, com os investidores agora focados na melhoria das margens esperada para 2026, à medida que novas atualizações nas Gigafactory permitirão uma manufatura mais barata.
Conclusão
Os resultados desta última semana traçaram um cenário de desempenho divergente, indicando que a tendência de mercado futura será seletiva, e não um movimento monolítico. Enquanto a explosão da demanda por IA e infraestrutura de nuvem levou a resultados excepcionais de Vertiv e IBM, que superaram expectativas, outras gigantes como Tesla, Netflix e Intel enfrentaram pressões significativas sobre a lucratividade, com margens comprimidas por cortes de preços, despesas inesperadas ou fraquezas em operações-chave. Empresas industriais como GE Vernova e United Rentals, por sua vez, sinalizam demanda futura robusta por meio de suas carteiras de pedidos recordes.
No geral, o panorama sugere que o sucesso nos próximos trimestres dependerá mais da liderança em setores específicos, como a IA, do que de uma maré econômica ampla e favorável a todos.
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