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Bitcoin 10% do seu all time high: Ainda vale a pena comprar?

Nesta edição, não teremos o gráfico da semana, pois a seguir trago vários gráficos de um estudo muito interessante feito pelos analistas de research da 21Shares.
Agora voltando ao tema do título… Bitcoin 10% do seu all time high: ainda vale a pena comprar?
Já adiantando o spoiler: sim.
O Bitcoin começou outubro pumpando até os US$ 126.000, alcançando um novo all time high. Entretanto, as tensões macroeconômicas entre EUA e China desencadearam uma forte queda, deixando muitos investidores com certo grau de hesitação.
Afinal, alocar perto das máximas históricas nos traz a sensação de estar comprando no topo – e isso é fato. Mas o gráfico a seguir mostra que até o pior investidor em Bitcoin teria feito 2x ou mais no seu investimento:

O que esse gráfico evidencia é que, mesmo que você comprasse R$ 1.000 em Bitcoin todo ano no pico anual desde 2020, ainda assim teria duplicado seu investimento.
Quando olhamos para o S&P 500, o mesmo conceito não se aplica: historicamente, ele é negociado cerca de 10% abaixo do seu all time high em 75% do tempo.
Mas ainda assim há a pergunta:
comprar perto das máximas implica em um upside limitado?
A resposta é não.
Em um mundo de políticas estruturalmente mais flexíveis e de crescente pressão fiscal, possuir ativos duradouros é mais importante do que nunca.
Portanto, em vez de focar em “está muito caro” ou “já subiu demais”, a pergunta que você deve se fazer é:
O Bitcoin será mais ou menos importante em um, cinco ou dez anos?
A sua resposta indicará quanto e quando uma alocação de longo prazo faz sentido para você.
Dá uma olhada no gráfico abaixo: praticamente todas as entidades estão no lucro com seus investimentos em Bitcoin.

Desde o lançamento dos ETFs spot de Bitcoin, em janeiro de 2024, a porcentagem de entidades que estão ganhando dinheiro com Bitcoin nunca ficou abaixo de 80%, mesmo com os estresses macroeconômicos — como o episódio do carry trade japonês no 3T24, as volatilidades decorrentes das tarifas ao longo do ano ou, mais recentemente, o choque geopolítico somado à paralisação temporária da Binance.
Ainda assim, não vimos pressão de venda de toda a indústria.
O comportamento dos investidores de Bitcoin mudou.
Durante os bull markets anteriores, a alta dos preços levava os investidores “fracos” a venderem, enquanto novos entravam no mercado por FOMO. O ativo mudava constantemente de mãos.
Agora, o cenário é outro: o turnover dos holders diminuiu.
Os investidores estão mais calmos, com mais convicção na tese do ativo. Demonstram maturidade e parecem confortáveis em manter lucros não realizados. É um comportamento particular deste ciclo.
É natural esperar alguma realização de lucros nos níveis atuais e nos próximos, mas os dados mostram uma história diferente: a maioria está permanecendo posicionada, refletindo provavelmente uma mudança na percepção do Bitcoin — menos como aposta de curto prazo e mais como alocação estratégica.
Mas o que acontece se o mercado virar?
Nos ciclos anteriores, o Bitcoin chegou a cair cerca de 50%, e enquanto alguns se mantiveram bullish, outros venderam desesperados e perderam boas oportunidades de recompra — algo normal.
Neste ciclo, no entanto, a queda mais acentuada foi de aproximadamente 30%, e a da semana passada, cerca de 15%. Veja no gráfico abaixo:

Esse gráfico mostra que o Bitcoin está ganhando maturidade: as quedas nos bull markets estão cada vez menores.
Mas por quê?
A resposta é institucionalização.
À medida que o Bitcoin se consolida dentro de portfólios multiativos e reservas de tesouraria, sua dinâmica mudou. Bilhões de dólares fluem para ETFs e produtos semelhantes; empresas e governos adquirem mais de seis vezes a quantidade de Bitcoin minerada. O lado comprador continua absorvendo a pressão do mercado, tornando as quedas futuras mais moderadas e curtas, e não resets estruturais.
Claro, eventos cisnes-negros (black swans) podem acontecer — e são imprevisíveis.
Como resultado, o price action se tornou mais “natural”: menos explosões de alta, mas também menos quedas profundas, se compararmos com ciclos anteriores.
Agora, vale entender como incorporar o Bitcoin no portfólio.
No gráfico abaixo, a 21Shares comparou um portfólio tradicional (60% ações / 40% renda fixa) com outro mais moderno, com alocação em cripto. A comparação é ilustrativa e baseada em dados históricos dos últimos três anos.

Em breve, trarei um estudo comparando com um portfólio que inclui CDI, Ibovespa e IMA-B.
Por ora, o que já se observa baseado na imagem acima é que os retornos ajustados ao risco melhoraram nos portfólios com cripto, enquanto volatilidade e quedas permaneceram controladas.
Além disso, o tempo de recuperação após a maior queda dos últimos três anos — em abril de 2025, por conta das tarifas — foi menor nos portfólios com cripto (17 dias) do que no tradicional (22 dias).
O que podemos concluir:
- O Bitcoin entrou em uma nova fase: mais institucionalizado e mais maduro;
- Mesmo o pior investidor teria duplicado seu capital nos últimos cinco anos;
- As quedas e a volatilidade vêm diminuindo com o tempo;
- E, por fim, quando dimensionado adequadamente, o Bitcoin pode aumentar a eficiência de um portfólio em diferentes ciclos de mercado.
Variações semanais (13/10/25 a 20/10/25)
₿ Bitcoin (BTC): US$ 111.118 | Var. -2,60%
♦ Ethereum (ETH): US$ 3.994 | Var. -4,81%
🟠 Dominância Bitcoin: 56,69 | Var. -2,31%
🌐 Valor total do mercado cripto: US$ 3,71 3,85t | Var.-3,63%
💵 Valor de mercado de stablecoins: US$ 306,935 304,24b | Var. +0,88%
📊 Valor total travado (TVL) em DeFi: US$ 152,791 160,92b | Var.-5,05%
* dados referentes ao fechamento em 20/10/25
Tópicos da semana
- Robinhood tokeniza quase 500 ações e ETFs dos EUA na Arbitrum: A Robinhood viabilizou a negociação de 493 ativos tokenizados, no valor de mais de US$ 8,5 milhões, na Arbitrum, adicionando 80 novos tokens de ações nos últimos dias — incluindo Galaxy, Webull e Synopsys. Ações representam 70% dos ativos tokeinzados e os ETFs, 24%. Os tokens são estruturados como derivativos baseados em blockchain, regulados pela MiFID II da UE, em vez de representarem propriedade direta de ações. Eles oferecem acesso ao mercado 24 horas, com uma cobrança de câmbio de 0,1% e investimento mínimo de 1 euro.
- Bernstein projeta que o USDC triplique para US$ 220 bi até 2027: A Bernstein projeta que a oferta de USDC aumente de US$ 76 bilhões para US$ 220 bilhões até o fim de 2027, capturando cerca de um terço do mercado global de stablecoins à medida que novas regras nos EUA entram em vigor.Os analistas citam a abordagem “compliance-first” da Circle, integrações em 28 redes e parcerias com Coinbase, Binance e OKX como vantagens-chave no âmbito do GENIUS Act, que define formalmente as stablecoins de pagamento e favorece emissores dos EUA.
- Corretoras centralizadas (CEX) enfrentam acusações de subcontagem de liquidações: O CEO da Hyperliquid, Jeff Yan, e a plataforma de dados CoinGlass alegam que exchanges centralizadas como a Binance subcontabilizam liquidações devido à sua metodologia de reporte, que capta apenas uma liquidação por segundo nos streams de snapshots, apesar de processarem mais de 100 liquidações por par por segundo durante eventos extremos. As alegações surgiram após a queda de mercado de sexta-feira ter produzido o maior evento de liquidações da história cripto: US$16,7 bilhões em liquidações de posições long. Yan sugeriu que os números reais poderiam ser 100x maiores.
No Crypto Never Sleeps #24, convidamos o Victor Alfa (Head de Conteúdo da DeFiverso e Diretor de Research na WeSearch e Oxus Finance) para uma verdadeira aula de macroeconomia aplicada ao mercado cripto.
Discutimos como fatores macroeconômicos, como expansão monetária e liquidez impactam são os verdadeiros motores do mercado. Também exploramos por que este ciclo é diferente dos anteriores e qual o grande risco das stablecoins.
O episódio está disponível no Youtube do Market Makers e também no Spotify.
Crypto Never Sleeps #24
Escrevo aqui no Radar Crypto representando o time da Empiricus Asset.
É sempre um prazer compartilhar essas ideias com vocês!
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Forte abraço,
Marcello Cestari