O medo extremo tomou conta do mercado cripto?

Se você está coçando a cabeça e se perguntando o que está acontecendo com o mercado de cripto, meus parabéns… você não está sozinho nessa.

Mas vamos lá que eu vou te explicar tudo.

Nos últimos 41 dias, o mercado perdeu US$1,1 trilhão em valor — algo como US$27 bilhões por dia.

A capitalização total agora está 10% abaixo dos níveis vistos em 10 de outubro, data em que ocorreu o maior colapso e a maior liquidação da história do mercado, de aproximadamente US$20 bilhões.

O que mais me chama atenção é que não houve nenhum grande evento negativo no setor cripto que justificasse esse caos.

Há poucos dias, Trump reforçou que tornar os EUA o país “número um em cripto” é uma prioridade.

A queda parece ter sido muito mais uma correção estrutural puxada pelos institucionais, que registraram saídas de US$1,2 bilhão dos ETFs.

Desde 10 de outubro, os ETFs de Bitcoin acumularam outflows de cerca de US$3,9 bilhões.

Agora, some isso à alavancagem anormalmente elevada — algo que todo mundo sabe que é padrão no mercado cripto. Pois é… as coisas podiam mesmo ficar feias.

A alavancagem em cripto é um bicho à parte: é possível (e até comum) operar 20x, 50x ou 100x.

Quando milhões de investidores fazem isso ao mesmo tempo, o resultado é um efeito dominó.

Beleza, falei o que é óbvio para muita gente. Mas e aí? 

Em que parte do ciclo estamos? Estamos subindo ou descendo daqui?
Quais são os catalisadores de médio prazo que podem ajudar ou atrapalhar?

Vou ser direto: procure por tudo que injete ou retire dinheiro das contas bancárias das pessoas e/ou afete o poder de compra — e por tudo que torne as criptomoedas mais ou menos acessíveis.

Pontos bons:

• Cortes nas taxas de juros
• Os rumores sobre os cheques de estímulo tarifário de US$ 2 mil
• Servidores públicos voltam a receber seus salários (com pagamento retroativo).
• A aprovação do Projeto de Lei de Estrutura de Mercado e da Lei de Clareza

Pontos ruins:

• Potencial para aumento da inflação
• Aumento do desemprego
• Taxas de juros fixas ou crescentes
• Obstáculos ao Projeto de Lei de Estrutura de Mercado e à Lei de Clareza

Vamos aos pontos negativos.

Sim, podemos ver inflação alta — mas existe uma tese de que o mundo inteiro entrou em um novo regime inflacionário, e isso pode ter virado o “novo normal”.

O desemprego pode aumentar por conta da IA. Ninguém cravou o impacto exato ainda. É negativo? Sim. Mas também pode ser um ponto de inflexão para novos padrões de produtividade.

Juros estáveis ou crescentes de fato prejudicam ativos de risco.

Obstáculos regulatórios seriam apenas um atraso, não uma mudança de direção. O próprio Trump quer colocar os EUA como referência global em cripto — não faz sentido bloquear um projeto que cria padrões, regras e atrai capital para o país.
Isso conversa diretamente com interesses estratégicos do governo (como o incentivo às stablecoins para reforçar a hegemonia do dólar, assunto que já tratei várias vezes).

Por fim, vou trazer a cartada final: índice de medo e ganância 

Recentemente ele atingiu a marca 11 de 100. 

Alguns pontos importantes:

• Nos últimos 7 dias: 3 dias de medo e 4 de medo extremo. Nenhum dia neutro ou otimista.
• Nos últimos 30 dias: 4 dias neutros, 22 de medo e 4 de medo extremo.
• Nos últimos 365 dias: apenas 11 dias de medo extremo (3% do total).
  Destes, 4 ocorreram apenas na última semana — 36% do total anual.

Entendeu onde quero chegar?
Historicamente, comprar em medo extremo e vender em ganância extrema gera retornos excelentes.

Essa é a hora de separar os homens dos meninos.

Variações semanais (10/11/25 a 17/11/25) 

₿ Bitcoin (BTC): US$ 91.768 | Var. -13,04%
♦ Ethereum (ETH): US$ 2.995 | Var. -15,50%
🟠 Dominância Bitcoin: 59,53 | Var. -0,73% 
🌐 Valor total do mercado cripto: US$ 3,08t | Var. -12,39%
💵 Valor de mercado de stablecoins: US$ 303,985b | Var. -0,31%
📊 Valor total travado (TVL) em DeFi: US$  122,261b | Var.-9,68%
* dados referentes ao fechamento em 17/11/25

Tópicos da semana 

• JPMorgan lança JPM Coin na Base, rede da Coinbase: JPMorgan está lançando o JPM Coin na Base, a solução de segunda camada (L2) da Coinbase sobre o Ethereum, introduzindo uma nova classe de tokens de depósito que rendem juros e são lastreados por recursos do próprio banco. Esses tokens permitem liquidações instantâneas, 24 horas por dia, 7 dias por semana, e serão aceitos como colateral na Coinbase, após um piloto bem-sucedido com a Mastercard e a B2C2. Outros grandes bancos, como BNY Mellon e HSBC, estão desenvolvendo produtos semelhantes. Esse movimento reforça como o Ethereum se tornou a principal camada de liquidação para as finanças globais.
• CFTC avança para negociação regulada de criptos à vista com alavancagem: A presidente interina da CFTC, Caroline Pham, confirmou planos para lançar negociação de criptomoedas à vista com alavancagem em bolsas reguladas dos EUA como CME, Cboe, Coinbase Derivatives, Kalshi e Polymarket US já no próximo mês. A iniciativa usa a autoridade existente da Commodity Exchange Act para trazer operações de cripto com margem para a supervisão federal, oferecendo proteção em padrão institucional.
• USDC enfrenta divisão regulatória entre estruturas dos EUA e da UE: A Circle tem apenas 12 meses para resolver um conflito regulatório fundamental. O USDC não consegue cumprir simultaneamente o framework MiCA da União Europeia e a lei GENIUS dos Estados Unidos com uma única estrutura de token. O MiCA exige que 30% das reservas sejam mantidas em bancos da UE, enquanto a GENIUS requer que 100% do lastro esteja em Treasuries dos EUA, o que torna a dupla conformidade impossível. Isso pode forçar a Circle a emitir dois tokens separados (USDC-US e USDC-EU), dividindo US$ 35 bilhões em liquidez. Isso fragmentaria pools de liquidez em DeFi, criaria limites regionais de resgate e provavelmente causaria divergência de preço entre as duas versões, configurando um grande desafio para a interoperabilidade de stablecoins através de fronteiras regulatórias.

Você acha que sabe tudo sobre a história, os bugs e os mitos do Bitcoin? Quantas curiosidades você realmente conhece?

No episódio 28 do Crypto Never Sleeps, recebemos Rafaela Romano, eleita Top Educadora Cripto, para revelar as curiosidades, os mitos e as histórias mais absurdas (e quase secretas) do Bitcoin.

Neste papo, a Rafa explica a mensagem escondida por Satoshi Nakamoto no Bloco Gênesis. Ela conta também o dia em que o Bitcoin “quebrou” e criou 184 BILHÕES de moedas por causa de um bug e como Satoshi corrigiu tudo em questão de horas, antes que o mundo percebesse.

Falamos ainda sobre os verdadeiros pais do Bitcoin: os Cypherpunks. A trajetória de Hal Finney (que está literalmente congelado criogenicamente), David Chaum, Adam Back, e como Satoshi, na prática, juntou peças que já existiam para criar a rede mais antifrágil da história.

E desmontamos vários outros mitos:
Minerar Bitcoin não é “resolver problemas matemáticos complexos”.
Pools de mineração podem, sim, representar riscos de centralização.
Os 7.500 BTC perdidos no lixão ainda podem ser encontrados?
A nova regra do Banco Central sobre autocustódia ameaça a privacidade?

Se você quer entender o Bitcoin além dos clichês — da história real, dos bugs, das falhas, dos mitos e dos personagens que moldaram tudo — esse episódio é obrigatório.

O episódio está disponível no Youtube do Market Makers e também no Spotify.
Crypto Never Sleeps #28

Escrevo aqui no Radar Crypto representando o time da Empiricus Asset.
É sempre um prazer compartilhar essas ideias com vocês!

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Forte abraço,
Marcello Cestari