Diário de Bordo
Fluxo, Lucro e Juros — agosto construtivo para a tomada de risco

O interregno entre esta e a última edição do Diário de Bordo foi marcado por um tom firme dos mercados globais. Os principais índices acionários passaram a orbitar suas máximas e o apetite a risco se manteve sustentado pelas expectativas de afrouxamento financeiro à frente. Os dados de atividade e inflação nos EUA, potenciais catalisadores de transformações, vieram suficientemente mistos para manter de pé a narrativa de cortes dos juros no país, enquanto a Europa já colheu um pouco do efeito positivo provocado pela dianteira deste movimento. O saldo é claro: os preços dos ativos respondem aos dados e os fluxos validam o movimento.
As Big Techs relembraram todos os motivos pelos quais não podem ser deixadas de lado. De forma geral, os seus números mostraram crescimento, fortes margens e guidances consistentes, suportadas pelo vetor de inovação das ferramentas de Inteligência Artificial. Em comum, dividiram a manutenção de caixas robustos, volumes impensáveis de investimentos e efeitos de rede que seguem empurrando-as para além dos concorrentes (será mesmo que eles existem?).
O segmento das criptomoedas também ganhou tração: bitcoin e ether voltaram a se destacar e atingiram novas máximas, embalados pelo avanço dos fundos listados e pela melhora da liquidez do sistema. Mais do que um rali isolado, o comportamento de cripto segue funcionando como termômetro das condições financeiras e confiança no ciclo de tecnologia.
Parte do impulso recente está relacionado aos dois novos vetores regulatórios: o GENIUS Act e o CLARITY Act. Com a sanção do GENIUS Act (Guiding and Establishing National Innovation for U.S. Stablecoins) em 18 de julho, os EUA ganharam o primeiro marco federal para as stablecoins, exigindo lastro em caixa ou T-bills e divulgações mensais das reservas, reforçando a confiança no “dólar tokenizado”. Já o CLARITY Act (Digital Asset Market Clarity Act) — aprovado na Câmara e agora transitando pelo Senado — tem como objetivo avançar a estrutura de mercado ao dar papel central à CFTC sobre as “commodities digitais” e criar mecanismos de registro para as exchanges, diminuindo as incertezas jurídicas que travavam o capital institucional. Em conjunto, ambos reforçam a previsibilidade regulatória e ampliam a possibilidade para a adoção dos ativos digitais. Do nosso lado, continuamos construtivos neste segmento. Reforço a visão de que há espaço para o bitcoin atingir os US$ 150 mil ao final do ano; e o ether, até então deixado de lado, deve continuar a avançar na esteira da maior adoção das stablecoins — vale a pena ficar de olho.
No front do comércio internacional, as negociações tarifárias vêm encontrando caminhos, ainda que aos solavancos. Mesmo com percalços e muitas dúvidas, as economias se ajustam: as cadeias se reorganizam, as rotas se realocam e o custo efetivo tende a ser amortecido ao longo do tempo. A conta final ainda é uma incógnita, mas há uma assimetria importante: nos EUA, eventuais tarifas devem produzir espasmos inflacionários de curto prazo, enquanto no resto do mundo, o processo desinflacionário segue em curso. Tenho comigo que se parte do poder de compra do consumidor americano for realmente transferido ao exterior via preços relativos, a possibilidade de uma reaceleração coordenada das economias globais aumentará.
A síntese é construtiva para risco: lucros fortes nas líderes globais, condições financeiras que tendem a afrouxar e um cenário comercial menos binário do que se temia. O setup continua dependente dos dados — o que reforça a disciplina na alocação de capital — mas, hoje, os vetores que importam (lucro, juros e fluxo) trabalham a favor da exposição direcional. Em mercados, contra o fluxo não há argumentos; e no curto prazo, ele continua apontando para a tomada de risco.
O comportamento dos mercados em agosto
A dinâmica dos mercados na primeira metade de agosto se assemelhou aquela vista na reta final de julho. O otimismo e o apetite ao risco continuaram exacerbados e levaram as bolsas globais para novas máximas históricas. No fechamento de ontem, os índices S&P 500 e Nasdaq avançavam 2% e 2,8%, respectivamente, puxados pelas Big Techs. Por aqui, o Ibovespa também se recuperava e subia 2,7% no mês.
O nome do jogo lá fora, sem sombra de dúvidas, foram os resultados trimestrais. A temporada que está caminhando para o seu final mostrou o fôlego corporativo. Dentro do S&P 500, o crescimento médio dos lucros avançou dois dígitos e os CEOs sinalizaram perspectivas positivas para os próximos meses.
Dentro de casa, as estratégias locais voltaram a apresentar bons resultados, depois de um julho mais difícil. Destaque para o Empiricus Deep Value Brasil FIF Ações, cujo prêmio em relação ao Ibovespa nos últimos 12 meses supera a marca dos 11 pontos percentuais — o fundo avança mais de 14% neste período.
Do lado dos internacionais, chama atenção o desempenho do Empiricus Digital Crypto FIM, uma das nossas estratégias voltadas para o investimento em criptomoedas que avança quase 6% no mês, puxada pela alocação mais diversificada em altcoins.
Do lado dos multimercados, atenção para o Empiricus Money Rider HF Global, cuja alta no mês supera os 2%. A bom desempenho tem sido sustentado pela alocação diversificada em diferentes classes de ativos, mas impulsionada pela boa seleção de companhias no Book de Ações — merecem destaque aqui as posições de Sea Limited, AppLovin e Astera Labs, cujos resultados trimestrais surpreenderam.
Por último, retomo a menção ao nosso fundo de ações global, o Empiricus WB90 Ações Globais. Com uma carteira diversificada em ações globais, ele se tornou o principal veículo da casa para os investidores que desejam se expor às diferentes geografias, sem concentrar riscos em poucos setores da economia. Para quem quiser saber mais, dediquei a Carta Mensal do Gestor do mês de agosto para explorar algumas teses de investimento e o racional por trás da estratégia.
Em resumo, agosto manteve o pano de fundo construtivo para ativos de risco: lucros corporativos ainda sólidos, juros em trajetória de afrouxamento e fluxos líquidos favorecendo exposição direcional. Nos mantemos firmes nesta rota.
Forte abraço,
João Piccioni
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